Mostra reúne trabalhos de 11 artistas maranhenses

Onze artistas integram a exposição
Artistas ressaltaram protagonismo do povo negro
Servidor do MPMA apresentou canções afro-brasileiras
"Exposição quer despertar debate sobre questões sociais", disse Dulce Serra
Promotora de justiça destacou importância da consciência negra
Diretor da Seplag enfatizou que vida digna para todos é preceito constitucionalMostra reúne trabalhos de 11 artistas maranhenses
Em homenagem ao Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão realizou a abertura da exposição coletiva “Consciências” que reúne diversos trabalhos de 11 artistas (homens e mulheres) maranhenses, de várias gerações, no Espaço de Arte Ilzé Cordeiro. A mostra apresenta pinturas, desenhos e esculturas feitas com diferentes técnicas.
A exposição, aberta à visitação de forma gratuita, fica em cartaz até o dia 20 de janeiro de 2022. “Consciências” foi construída por meio do diálogo com movimentos sociais, produtores culturais e artistas de várias localidades de São Luís e de outros lugares do Maranhão, residentes na capital do estado.
Estão na exposição obras dos artistas Ana Dias Neta, Ângela Ferreira, Ângelu de Palmar, Freya (Hersyla Santiago), Jean Charles, Maria Izabel Mendes Matos, Rosane Meireles Lopes, Thiago Cruz, Uaatê (Jonas Santos), Vitória Maria Rodrigues e Vytto Rodriguez.
Durante a abertura, alunos do ensino médio do Centro de Ensino Paulo Freire, localizada no Conjunto Habitacional Turu, visitaram tanto a exposição quanto as dependências do Centro Cultural. O servidor do MPMA Bento Lima se apresentou durante a atividade interpretando canções de molde afro-brasileiro.
DIVERSIDADE
A coordenadora do Centro Cultural do MPMA, Dulce Serra, agradeceu aos 11 artistas que integram a exposição e ressaltou que o espaço tem como propósito despertar o debate sobre as questões sociais que envolvem o país. “O Brasil é um país com grandes dívidas, e a escravidão da população negra por séculos é uma delas. Hoje, essa parcela da população brasileira, na verdade, a maioria, vive nas favelas, não tem acesso a uma educação de qualidade, e por isso acaba não tendo oportunidades, além de ser a maior vítima de violência”, ressaltou.
Ela acrescentou que a mostra busca promover a diversidade de linguagens artísticas. “As mais variadas referências estão refletidas nas obras, assim são promovidas estéticas plurais, na contramão de valores anteriormente hegemônicos, fazendo jus ao que de fato somos: um povo culturalmente livre e diverso”.
A artista Márcia Maia, da Marcha Internacional das Mulheres, além de recitar um poema da artista plástica Ângela Ferreira, participante da exposição, abordou a relevância da luta e da resistência do povo negro. “Novembro é o mês da consciência negra. É preciso ressaltar, exaltar e reverenciar o protagonismo do povo negro. Com muita grandeza, quero trazer para o centro dessa história a luta das mulheres pretas, porque a resistência é o nosso lugar de fala, de direito e de poder”, enfatizou.
Representando a Escola Superior do Ministério Público (ESMP), a promotora de justiça Elyjeane Alves Carvalho destacou a importância do Dia da Consciência Negra, como forma de despertar a reflexão sobre os problemas sociais do país. “É uma data significativa porque traz à luz questões importantes: o racismo a as desigualdades da sociedade brasileira. Também relembra a luta dos africanos escravizados no passado e que reforça a importância da realização de novas lutas para tornar a nossa sociedade mais justa e igualitária, como prevê o texto Constitucional de 1988”, disse.
Na ocasião, Elyjeane Carvalho leu um texto enviado pela também promotora de justiça Samira Mercês dos Santos, do Núcleo de Promoção da Diversidade (Nudiv).
Em seguida, o promotor de justiça Carlos Henrique Rodrigues Vieira (diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão - Seplag), que representou o procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau, explicou que o conceito de minoria na teoria política, na teoria dos Direitos Humanos e da democracia, nada tem a ver com quantidade, mas ao fato de haver uma parcela da população sem acesso proporcional aos canais de poder. “Essa é uma situação vivida pelas mulheres brasileiras, pelos negros e pelos indígenas, que têm sua participação reduzida nos canais de poder do país. A teoria dos Direitos Humanos só quer uma coisa: vida com dignidade para todas as pessoas. Isso não diz respeito à esquerda ou direita, diz respeito à Constituição Federal”, completou.
Também se pronunciaram o servidor Bento Lima, que denunciou ter sido vítima de racismo em um estabelecimento comercial de São Luís, a poeta Nafis Bezerra, da Marcha das Mulheres, que recitou um poema, e o artista plástico Thiago Cruz, que possui quatro obras na exposição. Redação e fotos: Eduardo Júlio (CCOM-MPMA)
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