Após a maior chacina registrada no Ceará, a
seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Ceará (OAB–CE) poderá entrar com
pedido de intervenção federal no estado. A Ordem vai convocar para quarta-feira
(31) uma sessão no pleno do conselho para tratar da segurança pública do
estado.
O presidente da Comissão de Segurança Pública
da OAB-CE, Francisco Garisto, afirmou hoje (28) que o pedido de intervenção
poderá ser uma das deliberações.Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a
reunião será pública e serão convidados para participar o secretário de
Segurança Pública e Defesa Social do estado, André Costa, e a secretária de
Justiça e Cidadania, Socorro França. A partir de amanhã (29), o tema também
será tratado internamente.
"Temos 15 mortes por dia. Não tem isso
nem na Síria ou no Iraque. No ano passado foram 5.440 mortes e, somente neste mês
de janeiro, já morreram mais de 400", disse Garisto à Agência Brasil. Para a Secretaria da Segurança Pública e
Defesa Social, foram 200 homicídios registrados no estado em janeiro. Conforme
Garisto, a medida deveria ter sido tomada antes mesmo da chacina. Ele acredita
que mais mortes ocorrerão no Estado.
Ontem à noite, a OAB-CE divulgou nota, na
qual diz: "O ocorrido comprova o que a sociedade cearense já vem
presenciando no seu cotidiano. Estamos vivendo um colapso na segurança pública
e, a cada dia, nos tornamos reféns de atos da violência urbana, situação que se
repete no interior do estado, com a presença do crime organizado desafiando o
poder estatal".
A nota acrescentou que uma real mudança é
necessária. "A OAB do Ceará sugere uma reforma na segurança pública, com
ações planejadas, combativas, atuantes e efetivas, garantindo investimentos em
políticas públicas, com equipamentos adequados, inteligência das polícias e
demais ferramentas que garantam uma investigação eficaz para cada cidadão
cearense."
De acordo com a Secretária de Segurança
Pública, na madrugada de ontem (27) homens armados desembarcaram de veículos e
atiraram contra as pessoas que estavam em uma casa de eventos conhecida por
"Forró do Gago", na Rua Madre Tereza de Calcutá, no bairro
Cajazeiras, em Fortaleza. Foram confirmados 14 óbitos no local, sendo oito
vítimas do sexo feminino e seis do sexo masculino.
Ontem, uma pessoa foi presa, suspeita de
participação nas mortes, e um fuzil foi apreendido. Outras pessoas já foram
identificadas. A polícia trabalha para prender os suspeitos, auxiliada por
outros órgãos públicos. Segundo a
OAB-CE, a ação violenta foi a maior do estado do Ceará e é atribuída a disputas
entre facções criminosas, já com informações de revanche.
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